Por Luciano Martins Costa em 25/11/2008
Comentário para o programa radiofônico do OI, 25/11/2008
Uma multidão liderada por madeireiros depredou na noite de domingo (23/11) o posto do Ibama no município de Paragominas, no leste do Pará, e tentou atacar os funcionários, que se abrigaram num hotel. Os atacantes queimaram móveis, computadores e quatro veículos, além de grande número de documentos.
Um trator foi usado para derrubar o portão do hotel onde estavam hospedados quatro funcionários do órgão de defesa ambiental, mas a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão e impediu que entrassem.
Os funcionários, convocados para fiscalizar a exploração ilegal de madeira na região, haviam apreendido dezenove caminhões com 400 metros cúbicos de toras retiradas da reserva indígena de Alto Rio Guamá, na divisa com o Maranhão. Durante o ataque, os manifestantes levaram os caminhões com suas cargas e até o início da noite de segunda-feira (24) eles não haviam sido localizados.
A região de Paragominas está na lista das 36 cidades líderes de desmatamento na Amazônia, mas é também o município onde ocorre uma das mais bem-sucedidas experiências de manejo florestal sustentável.
A notícia dá conta de uma escalada de conflitos na região, exatamente nos pontos onde as autoridades tentam colocar algum limite na ação dos desmatadores.
A exceção
Pelo número de envolvidos, trata-se de um dos episódios mais graves na sucessão de confrontos que vêm ocorrendo desde que o Ministério do Meio Ambiente começou a Operação Rastro Negro, que tenta controlar abusos na cadeia produtiva de carvão no Pará.
Mas apenas a Folha de S.Paulo publicou uma reportagem a respeito. Os outros jornais de circulação nacional simplesmente ignoraram o fato.
A região de Paragominas vive coberta por uma nuvem de fumaça, gerada pelas carvoarias, a maioria funcionando sem licença e muitas queimando madeira retirada ilegalmente das florestas.
O corte de árvores para a indústria madeireira e para a exportação é feito na maioria dos casos de forma convencional, o que provoca o surgimento de grandes clareiras na floresta, onde posteriormente penetram os fornecedores de lenha para as carvoarias. Atrás dos carvoeiros vêm os criadores de gado, e completa-se o ciclo da destruição.
O conflito de domingo à noite não foi um episódio isolado e representa uma oportunidade para mostrar de perto o que acontece na Amazônia. Mas, com exceção da Folha, a imprensa parece que se interessa apenas pelas estatísticas de desmatamento.
Fonte: Observatório da Imprensa
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Fogo na Floresta: jornais ignoram conflito
Postado por Edson Martins às 9:43 AM
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