quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Fogo na Floresta: jornais ignoram conflito


Por Luciano Martins Costa em 25/11/2008
Comentário para o programa radiofônico do OI, 25/11/2008

Uma multidão liderada por madeireiros depredou na noite de domingo (23/11) o posto do Ibama no município de Paragominas, no leste do Pará, e tentou atacar os funcionários, que se abrigaram num hotel. Os atacantes queimaram móveis, computadores e quatro veículos, além de grande número de documentos.

Um trator foi usado para derrubar o portão do hotel onde estavam hospedados quatro funcionários do órgão de defesa ambiental, mas a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão e impediu que entrassem.

Os funcionários, convocados para fiscalizar a exploração ilegal de madeira na região, haviam apreendido dezenove caminhões com 400 metros cúbicos de toras retiradas da reserva indígena de Alto Rio Guamá, na divisa com o Maranhão. Durante o ataque, os manifestantes levaram os caminhões com suas cargas e até o início da noite de segunda-feira (24) eles não haviam sido localizados.

A região de Paragominas está na lista das 36 cidades líderes de desmatamento na Amazônia, mas é também o município onde ocorre uma das mais bem-sucedidas experiências de manejo florestal sustentável.

A notícia dá conta de uma escalada de conflitos na região, exatamente nos pontos onde as autoridades tentam colocar algum limite na ação dos desmatadores.

A exceção

Pelo número de envolvidos, trata-se de um dos episódios mais graves na sucessão de confrontos que vêm ocorrendo desde que o Ministério do Meio Ambiente começou a Operação Rastro Negro, que tenta controlar abusos na cadeia produtiva de carvão no Pará.

Mas apenas a Folha de S.Paulo publicou uma reportagem a respeito. Os outros jornais de circulação nacional simplesmente ignoraram o fato.

A região de Paragominas vive coberta por uma nuvem de fumaça, gerada pelas carvoarias, a maioria funcionando sem licença e muitas queimando madeira retirada ilegalmente das florestas.

O corte de árvores para a indústria madeireira e para a exportação é feito na maioria dos casos de forma convencional, o que provoca o surgimento de grandes clareiras na floresta, onde posteriormente penetram os fornecedores de lenha para as carvoarias. Atrás dos carvoeiros vêm os criadores de gado, e completa-se o ciclo da destruição.

O conflito de domingo à noite não foi um episódio isolado e representa uma oportunidade para mostrar de perto o que acontece na Amazônia. Mas, com exceção da Folha, a imprensa parece que se interessa apenas pelas estatísticas de desmatamento.

Fonte: Observatório da Imprensa

terça-feira, 25 de novembro de 2008

El Nuevo Héroe


Imagem: Magic Mirror, de Paul Klee


El nuevo héroe es el que vive de espaldas a los arquetipos heroicos. El nuevo
héroe no imita a nadie. El nuevo héroe no aspira, como en los cuentos de
hadas, a Lo Imposible, sino que intenta casi lo contrario: concentrarse en lo
que, de tan posible como es, se nos escapa. El presente. (Ya el surrealismo
descubrió que lo más insólito es lo cotidiano.) Y al vivir el presente recuperar
la novedad existencial de todo lo que ocurre. El nuevo héroe es el que
consigue vivir en un mundo donde las cosas suceden por primera vez.

Salvador Pániker
Variaciones 95