terça-feira, 28 de abril de 2009

Dores de Amores

Dores de Amores
Luís Melodia
Eu fico com essa dor
Ou essa dor tem que morrer
A dor que nos ensina
E a vontade de não ter
Sofrer de mais que tudo
Nós precisamos aprender
Eu grito e me solto
Eu preciso aprender
Curo esse rasgo ou ignoro qualquer ser
Sigo enganado ou enganando meu viver
Pois quando estou amando é parecido com sofrer
Eu morro de amores
Eu preciso aprender

Melô no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=c3xs043C3sM&feature=related

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Entre os Muros da Escola

Leciono há anos. Identifiquei-me com muitos momentos do filme Entre os Muros da Escola. Acredito que este filme tem um significado especial aos professores. Aos alunos também.

Desde o momento inicial, no início do ano letivo até o final do filme, quando o ano letivo se encerra, o que vemos são situações emblemáticas. Flash-backs pelos quais todos já passamos.

Rituais.

O ritual do café antes da aula. O ritual da reunião geral de início de ano. O ritual da apresentação dos professores. O ritual da expectativa. O do cansaço. O da mesmice. O dos projetos.

O ritual da apresentação dos alunos. O ritual do afrontamento aos alunos. O ritual do desrespeito aos alunos. Às suas limitações. Aos seus saberes. À sua condição.

O ritual da distância entre a linguagem das ruas e a norma culta. O ritual do não saber responder ao irrespondível. À agressão. Ao que não se sabe. O ritual do baixo repertório do aluno. Do professor.

O ritual das reuniões pedagógicas. O ritual do biscoitinho pedagógico. O ritual do cansaço. O ritual do café como pauta central de uma reunião de mestres. O ritual do não aproveitamento das surpresas que os alunos oferecem. O ritual do desperdício. O ritual da cumplicidade mafiosa no stress.

O ritual dos atritos em sala de aula. O ritual da arrogância do professor. O ritual do destempero. Da violência verbal. O ritual do atrito desnecessário. O ritual da descompostura. O ritual da burocracia.

O ritual das cartas marcadas. O ritual da exclusão. O ritual da vergonha. Do corporativismo. O ritual do não-saber-o-que-fazer. O ritual das nomeações de conteúdo.

Rituais.

De morte.

De vivo.

Nem o imprevisível.

Nem a reação.

Nem a juventude.

A inadequação do aluno é ritual. Sua transgressão é ritual. Seu comportamento é ritual. As formas de transgressão. Os resultados dessa transgressão. As cumplicidades são rituais.

Já foram rituais de vida. De possibilidade, ao menos.

Mas parece que não mais o são.
E a impressão de que a vida permaneceria absolutamente igual se a escola não existisse.

Será?

domingo, 5 de abril de 2009

Flores Azuis

Acabei de ler o livro Flores Azuis, de Carola Saavedra.

Comprei o livro pela trama, não conhecia a autora. Achei a trama muito interessante: um triângulo amoroso formado por cartas entregues a destinatários errados. Ao menos era isso que estava na crítica do Estadão.
Pois bem, não é muito isso o livro. Para mim esse triângulo não existe, nunca existiu. Basicamente o enredo é o seguinte: a separação de dois casais que não se conhecem dispara reações muito diferentes em dois personagens, um de cada ex-casal, que são o foco da trama: a personagem “A” e o personagem “Marcos”.

“A” passa a escrever cartas anônimas ao ex-marido tentando explicar e entender o que motivou a separação, uma iniciativa dele. Marcos, por sua vez, é o recebedor destas cartas, que são endereçadas ao endereço do apartamento que passou a morar após a separação.

Como “A” nunca escreve o endereço no envelope e nem deixa seu nome completo disponível, Marcos não tem como localizá-la, mas fica crescentemente interessado em conhecer quem escreve estas cartas. Em muito parece que são para ele, mas não são (será?). Ao mesmo tempo as cartas dizem coisas que ele gostaria de ouvir, talvez lá esteja a mulher que procura (será?).

E assim segue a trama, com capítulos que oscilam entre as cartas na íntegra e a leitura, seguida da vida cotidiana de Marcos. Este é o enredo.

Quanto à obra particularmente mais uma vez (o mesmo que sinto em Amoz Óz) fica aquela sensação de que a autora não teve a coragem de entrar na trama de frente, sem medir consequencias. O texto é demasiadamente velado e cuidadoso. O estado de “A” e, a partir da metade do livro, de Marcos também não permitem mais esses cuidados. Falta um arroubo de verdade de um dos dois.

É provável que esse sempre “não chegar” tenha a ver exatamente com uma crítica sutil da autora ao modo como muitos relacionamentos se desenvolvem, com a falta de um mergulhar na trama da vida a dois em nome da idealização de um parceiro ou parceira ideal, que na verdade não existe e traz como resultado a solidão. Pode ser, mas faltam elementos para isso na obra.

O que mais gostei no livro, no entanto, é o modo como Carola Saavedra conduz o modo de pensar de Marcos, mostrando conhecer muito a alma masculina. Isso assusta em alguns momentos. Poucas vezes ouvi uma mulher fazendo isso tão bem. Das poucas vezes que ouvi, me apaixonei. Ainda bem que Carola Saavedra talvez seja uma espécie de “A” para mim.

O livro – Flores Azuis
A autora – Carola Saavedra
A editora – Companhia das Letras

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Vácuo de ti

De você que sempre não está
De você que sempre não quer
De você que eu nunca satisfaço
De você que eu sou sempre quase
De quem eu sempre tenho um não
De quem sempre foi por pouco
De que tanta coisa errada foi mal entendido

E fica sempre essa sensação de vácuo
Fica sempre um buraco
Fica sempre um desejo não correspondido
Fica sempre uma tristeza, um não entender
Fica sempre assim...minha fragilidade exposta

Tantos sempres
Tantos nãos
Sempre-não
Sempre-quase

Será este sempre um nunca disfarçado?