domingo, 27 de agosto de 2006

Invertendo as Regras

O governo federal está em vias de enviar um projeto de lei muito interessante para o Congresso Nacional. Trata da obrigação de a empresa depositar os salários de seus funcionários nos bancos em que os mesmos indicarem, e não mais o inverso, como ocorre atualmente.
Como bem sabemos, parte significativa dos depósitos de salários especialmente nos grandes centros urbanos ocorrem com depósito bancário e não com a entrega do montante em dinheiro diretamente para o empregado.
Até aí, tudo bem: logística e segurança justificam o hábito. Nos entanto, como bem sabemos também, as empresas negociam com os bancos suas contas-salário e o fazem em troca de benefícios vários, que podem ir desde abatimento ou extinção de taxas até prêmios ou facilidades em concessão de crédito, por exemplo.
É evidente que esse abatimento tem um custo para o banco. Igualmente evidente é que nenhum banco que se preze arca com prejuízos desta espécie. Justamente por isso, estes montantes são recuperados por meio de repasses de taxas e juros aos seus clientes, entre eles, os mesmo funcionários das ditas empresas.
Isso significa que as empresas negociam com os bancos, utilizando recursos que são de seus funcionários. E estes, por sua vez acabam pagando com parte de seus rendimentos os benefícios que a eles não chegaram, e sim aos seus patrões.
Inverter esa lógica e dar a quem recebe por seu trabalho o mínimo de respeito, indiscutivelmente é uma ótima idéia. Vamos acompanhar no que dá isso.

domingo, 20 de agosto de 2006

Entre Bangu e Santa Cruz

Semana passada estive nos bairros de Bangu e Santa Cruz fazendo a prospecção para definir as áreas de atuação do Programa Jovens Urbanos no Rio de Janeiro.
Foi curioso que foi no mesmo dia em que começou o horário eleitoral obrigatório na TV: a distância entre as duas realidades é simplesmente patética.
Em Santa Cruz visitei as comunidades de Paciência e deparei com disputas do tráfico por áreas de influência. Muitas ruas apresentavam barreiras mas foi possível transitar pelo pedaço e verificar a situação local. Fica evidente que qualquer intervenção social se faz mais do que necessária.
Em Bangu as cenas foram um pouco diferentes. O bairro possui uma classe média baixa e a realidade das favelas (fui a Taquaral e Fazenda Coqueiro) é bem diferente. Aparentemente há uma presença do Estado notada pelas obras viárias: há algum tempo de urbanização. Mas o fato de sabermos das constantes faltas de água e luz, bem como o fato de sermos ogbrigados a retardar algumas visitas em virtude de tiroteios nos arredores deixa, mais uma vez, evidente a situação de calamidade social que está presente.
Paralelamente, tínhamos o horário eleitoral. Dezenas de candidatos falando basicamente a mesma coisa: "luto pelo social", "por educçaõa e saúde", "basta de descaso". Patético, simplesmente patética a distância...

domingo, 13 de agosto de 2006

E a Globo entra na Pós-Modernidade... (antes mesmo da TV Digital)

Hoje (13/08/06) às 00h28 a TV Globo se curvou. Viu-se em grande constrangimento por estar obrigada, sem edições, a veicular um pronunciamernto do PCC em rede nacional.
Não deixa de ser um fato histórico. Desde o famoso seqüestro do embaixador americano, no auge da ditadura, não víamos os grandes meios de comnicação tão expostos, em especial quem tem a hegemonia.
Até aqui foi fácil criticar o poder público, os criminosos, a justiça, o governador, a população...Fazer análises, comentários, apontar sugestões...até o momento que vem o aviso "Põe isso no ar ou mato seu reporter".
Parece (vide o Hezzbollah como exemplo mais distante) que muitos grupos perderam em definitivo a expectativa da negociação e escancaram que a ordem atual é conservadora, embromadora e crescentemente injusta.
Pois é: bem-vindos à pós modernidade, que não vei através da interatividade da TV Digital e sim da ação direta de um grupo de extermínio.

sábado, 12 de agosto de 2006

Cuidado! Terroristas!

Londres amanheceu em pânico nesta quinta-feira (10/08/06). O serviço de segurança inglês denunciou a existência de um plano para explodir 10 aviões sobre o Atlêntico na rota Inglaterra-Estados Unidos. A explosão seria possível a partir de uma espécie de gel que, em pequenas quantidades (a capacidade de um i-pod é suficiente) pode explodir um avião em pleno vôo. Soube-se depois que foi o Paquistão quem fez o alerta ao governo britânico.
Até o momento foram presos 24 suspeitos, todos de nacionalidade britânica (a mídia tem feito um enorme esforço para ressaltar não esta informação, mas o fato de serem de ascendência árabe). Do que sabemos, até aqui nenhuma prova definitiva.
Várias medidas de exceção foram tomadas: não é permitido mais viajar com bagagem de mão, medicamentos e alimentos para bebês devem ser provados previamente por quem os carrega, o transporte destes utensílios somente pode ser feito em sacolas transparentes, está proibido o embarque com i-pods, celulares e outros. Como conseqüências tivemos filas monumentais para o embarque, bem como o cancelamento de diversos vôos (só a British Airlines cancelou 30 em 40 no dia de hoje).
É possível que esta ameaça realmente exista e que algum gel em mínimas quantidades possa ser um potente detonador de um Boeing, por exemplo. Também é perfeitamente possível que o governo do Paquistão tenha acesso a informações privilegiadas e apoie o frágil serviço de defesa inglês, indubitavelmente.
No entanto, caso as possibilidades acima não sejam concretas, o que estaria motivando tremendo estardalhaço? Importante lembrar que esta possibilidade de atentado ocorreu justamente no dia em, que a ONU votaria uma resolução em seu Conselho de Segurança pedindo a saída imediata de Israel das terras libanesas. Importante também lembrar que segue firme a campanha anti-coreana (do Norte) e anti-iraniana dos Estados Unidos.
Temos de ficar alertas com os terroristas, especialmente os norte-amerocanos e ingleses. Criar pânico na população por possibilidades apenas aventadas ou em forma de hipóteses remotas tem sido um elemento excelente para alavancar as vendas das indústrias de armas (Argentina, Venezuela, por exemplo, fizeram compra vultosas recentemente!) e dar seguimento à campanha anti-árabe. Além disso, campanhas desse tipo acabam legitimando ações genocidas, como a do atual governo israelense.
O terrorismo existe, sem dúvida: tem como sede Washington e como principais patrocinadores a indústria de petróleo e armas dos Eua e suas células são a OTAN, governo Blair, Estado de Israel e a grande mídia internacional, entre outras instituições-bomba menores.

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Bola Fora de Heródoto Barbeiro



Bola fora do jornalista Heródoto Barbeiro no Jornal da CBN de hoje (08/08/06). No calor da discussão da situação de altos níveis de corrupção em Rondônia, o jornalista defendeu que o estado deveria "voltar à condição de território", pois "são os cidadãos do sul, especialmente de São Paulo que pagam o poder público de lá".
Ora, Heródoto: já pensou se os credores do Brasil pensassem da mesma forma? Voltaríamos à condição de colônia? De quem? De Portugal? Dos Eua? Da União Européia? Outra coisinha: será que não há nenhuma conexão paulista (ou sulista) na corrupção de Rondônia? Ninguém por aqui tem infiltração no poder de lá? As madeireiras daqui não compram madeiras ilegais de lá? Lendo meia horinha da Teoria da Dependência de Fernanado Henrique Cardoso ou o velho Raízes do Brasil, as repostas viriam rapidinho.
Não vou nem falar no clamor da época da ditadura militar e sua política de territórios!
Lamentável, meu caro Heródoto, mas acontece....nessas terras do sul muitas vezes volta um furor bandeirante (no mau sentido) difícil de controlar.

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Hasta cuándo?



Sem comentários. Copio aqui um artigo maravilhoso do Eduardo Galeano

Un país bombardea dos países. La impunidad podría resultar asombrosa si no fuera costumbre. Algunas tímidas protestas dicen que hubo errores. ¿Hasta cuándo los horrores se seguirán llamando errores?

por Eduardo Galeano


Esta carnicería de civiles se desató a partir del secuestro de un soldado. ¿Hasta cuándo el secuestro de un soldado israelí podrá justificar el secuestro de la soberanía palestina? ¿Hasta cuándo el secuestro de dos soldados israelíes podrá justificar el secuestro del Líbano entero?
La cacería de judíos fue, durante siglos, el deporte preferido de los europeos. En Auschwitz desembocó un antiguo río de espantos, que había atravesado toda Europa. ¿Hasta cuándo seguirán los palestinos y otros árabes pagando crímenes que no cometieron?
Hizbollá no existía cuando Israel arrasó el Líbano en sus invasiones anteriores. ¿Hasta cuándo nos seguiremos creyendo el cuento del agresor agredido, que practica el terrorismo porque tiene derecho a defenderse del terrorismo?
Irak, Afganistán, Palestina, Líbano… ¿Hasta cuándo se podrá seguir exterminando países impunemente?
Las torturas de Abu Gjraib, que han despertado cierto malestar universal, no tienen nada de nuevo para nosotros, los latinoamericanos.
Nuestros militares aprendieron esas técnicas de interrogatorio en la Escuela de las Américas, que ahora perdió el nombre pero no las mañas.
¿Hasta cuándo seguiremos aceptando que la tortura se siga legitimando, como hizo la Corte Suprema de Israel, en nombre de la legítima defensa de la patria?
Israel ha desoído 46 recomendaciones de la Asamblea General y de otros organismos de las Naciones Unidas. ¿Hasta cuándo el gobierno israelí seguirá ejerciendo el privilegio de ser sordo?
Las Naciones Unidas recomiendan pero no deciden. Cuando deciden, la Casa Blanca impide que decidan, porque tiene derecho de veto. La Casa Blanca ha vetado, en el Consejo de Seguridad, 40 resoluciones que condenaban a Israel. ¿Hasta cuándo las Naciones Unidas seguirán actuando como si fueran otro nombre de Estados Unidos?
Desde que los palestinos fueron desalojados de sus casas y despojados de sus tierras, mucha sangre ha corrido. ¿Hasta cuándo seguirá corriendo la sangre para que la fuerza justifique lo que el derecho niega?
La historia se repite, día tras día, año tras año, y un israelí muere por cada diez árabes que mueren. ¿Hasta cuándo seguirá valiendo diez veces más la vida de cada israelí?
En proporción a la población, los 50.000 civiles, en su mayoría mujeres y niños, muertos en Irak, equivalen a 800.000 estadounidenses.
¿Hasta cuándo seguiremos aceptando, como si fuera costumbre, la matanza de iraquíes, en una guerra ciega que ha olvidado sus pretextos?
¿Hasta cuándo seguirá siendo normal que los vivos y los muertos sean de primera, segunda, tercera o cuarta categoría?
Irán está desarrollando la energía nuclear. ¿Hasta cuándo seguiremos creyendo que eso basta para probar que un país es un peligro para la humanidad? A la llamada “comunidad internacional” no le angustia para nada el hecho de que Israel tenga 250 bombas atómicas, aunque es un país que vive al borde de un ataque de nervios. ¿Quién maneja el peligrosímetro universal? ¿Habrá sido Irán el país que arrojó las bombas atómicas en Hiroshima y Nagasaki?
En la era de la globalización, el derecho de presión puede más que el derecho de expresión. Para justificar la ilegal ocupación de tierras palestinas, la guerra se llama paz. Los israelíes son patriotas y los palestinos son terroristas, y los terroristas siembran la alarma universal.
¿Hasta cuándo los medios de comunicación seguirán siendo miedos de comunicación?
Esta matanza de ahora, que no es la primera ni será, me temo, la última, ¿ocurre en silencio? ¿Está mudo el mundo? ¿Hasta cuándo seguirán sonando en campana de palo las voces de la indignación?
Estos bombardeos matan niños: más de un tercio de las víctimas, no menos de la mitad. Quienes se atreven a denunciarlo son acusados de antisemitismo. ¿Hasta cuándo seguiremos siendo antisemitas los críticos de los crímenes del terrorismo de Estado? ¿Hasta cuándo aceptaremos esa extorsión? ¿Son antisemitas los judíos horrorizados por lo que se hace en su nombre? ¿Son antisemitas los árabes, tan semitas como los judíos? ¿Acaso no hay voces árabes que defienden la patria palestina y repudian el manicomio fundamentalista?
Los terroristas se parecen entre sí: los terroristas de Estado, respetables hombres de gobierno, y los terroristas privados, que son locos sueltos o locos organizados desde los tiempos de la Guerra Fría contra el totalitarismo comunista. Y todos actúan en nombre de Dios, así se llame Dios o Alá o Jehová. ¿Hasta cuándo seguiremos ignorando que todos los terrorismos desprecian la vida humana y que todos se alimentan mutuamente? ¿No es evidente que en esta guerra entre Israel y Hizbollá son civiles, libaneses, palestinos, israelíes, quienes ponen los muertos? ¿No es evidente que las guerras de Afganistán y de Irak y las invasiones de Gaza y del Líbano son incubadoras del odio, que fabrican fanáticos en serie?
Somos la única especie animal especializada en el exterminio mutuo. Destinamos 2.500 millones de dólares, cada día, a los gastos militares.
La miseria y la guerra son hijas del mismo papá: como algunos dioses crueles, come a los vivos y a los muertos. ¿Hasta cuándo seguiremos aceptando que este mundo enamorado de la muerte es nuestro único mundo posible?

(Fonte: http://www.insurgente.org/)