sábado, 25 de novembro de 2006

Lendo o Baudrillard 1 - Pós-Orgia

Na última 5ª feira (23/11) fui à Festa do Livro na Usp. Muito legal mesmo: mais de 40 editoras e descontos realmente tentadores. Muito interessante é rever gente que não se via desde a década de 80 em situações realmente diferentes das que tínhamos na época. Muito legal.
Por lá em comprei um livro do Baudrillard que em 2000 o Douglas Santos me indicou, Transparência do Mal. Enquanto tiver lendo e com paciência, vou comentar o que senti do livro.
O capítulo 1 entitulado Depois da Orgia, Baudrillard apresenta os tempos atuais como uma situação pós-orgia. Fez-se de tudo. Todos os desejos foram criados. Todos saciados: e agora?
Para ele, a modernidade no século XX não fez mais do que esgotar todas as possibilidades de invenção e satisfação dos desejos de toda a espécie, em particular em termos de política, sexo e estética.
Do esgotamento das possibilidades, teria sobrado apenas a possibilidade do hiper-realismo, ou seja, o reviver do prazer saciado, fazendo com que desejo e objeto se desprendam em definitivo e os quereres percam qualquer possibilidade de sentido ou referencial. Para ele, no fundo, a modernidade no século XX proporcionou a morte do valor e as valorações todas foram pasteurizadas, diminuídas, esgarçadas, esfaceladas.

domingo, 19 de novembro de 2006

Portal Contas Abertas




Li hoje no Estadão uma matéria sobre o Portal Contas Abertas. Já havia ouvido algo sobre ele na CBN.
O portal é criação de um deputado do PPS/DF apadrinhado pelo Roberto Freire que cede sua senha de senador para dar acesso nível 9 ao portal. Isso signfica que o portal disponibiliza informações do SIAFI que nem ministro de Estado tem.
Eu sinceramente acho isso sensacional, independente do ganho político que os dois representantes desse partido sucursal tucano possa ter.
Fuçando no site, é possível encontrar relatórios de ministérios, pareceres do senado e Câmra e de comissões, incluindo as tais agências reguladoras, por exemplo.
Fica evidente como informação é sobretudo questão de poder nos tempos que vivemos...e será cada vez mais.
E para nós, que trabalhamos em sociedade de tudo que é forma (eu enxergo isso pela fresta da educação e cultura), fica mais que explícito que aprender e ensinar a lidar com a informação é tudo.

O link é http://www.contasabertas.com.br (clique no título desta postagem para acessar)

sábado, 18 de novembro de 2006

Anorexia de quem?


Esta duas modelos morreram em virtude de anorexia. Ainda ontem (17/11) as agências que correspondem a 90% do mercado nacional se reuniram dizendo que estas mortes não têm relação com sua atividade e que, ainda assim irão exigir exames médios periódicos de suas contratadas para evitar que o fato se repita.
Foi considerada uma curiosidade quando, há um mês, a produção de um grande desfile na Espanha fez testes de massa corporal nas modelos e vetou as que estavam abaixo do recomendável. Foi visto como um fato entre o pitoresco e o cuidadoso.
É claro no vazio falar em ditadura da moda, evidentemente. Especialmente por que acredito que poder é sempre relação e isso significa que situações de poder são criadas por partes, mesmo que a opção de uma delas venha a ser pela submissão, pela apatia.
O megamercado da moda internacional por motivos técnicos (corte, caimento, versatilidade etc.) necessita no momento de modelos humanos efetivamente esquálidos e são estes modelos que fazem sucesso nas passarelas.
Estas e estes modelos, por sua vez fazem de tudo, como bem sabemos para conseguir um contrato, um lugar ao sol, uma possibilidade de brilhar no restrito e inacessível mundo da moda. O “vale tudo” tem a ver com dietas irracionais, evidentemente.
Não acredito que essa ditadura da magreza esteja nas ruas. O que tenho visto, ao contrário, são roupas, especialmente as femininas, que cobram muito boa forma, e as que as usam, muitas vezes não se importando muito com uma barriguinha à mostra e coisas do tipo.
Esta preocupação aparece, sim, em pessoas que fazem parte do seleto circuito que consome tais marcas e freqüenta também seletos ambientes. É este, e somente este circuito de poder e dominação que está em jogo e afetado por esta mentalidade igualmente anoréxica.

sábado, 11 de novembro de 2006

Julgado e Condenado o Maior Terrorista da Atualidade



Na última terça-feira (07/11/06) o presidente do Estados Unidos foi julgado pelo povo estadunidense e duramente condenado, sendo derrotado nas urnas.
O maior terrorista das últimas décadas perdeu não só a eleição para a maioria dos postos de governador nos estados, como também a maioria da Câmara e Senado. Evidentemente, as perspectivas para as eleições presidenciais que ocorrerão em 2008 ficaram sombrias para ele e sua célula terrorista, que atualmente atende pelo nome de Partido Republicano.
A gestão Bush tem sido uma das mais patéticas da História dos Estados Unidos e sua política externa, um horror. Fracassado na luta contra ao ativismo islâmico proliferou grupos terroristas por todo o planeta e fez do povo americano um alvo vivo e estático.
O discurso salvacionista-religioso não foi capaz de promover o mesmo engodo de outras oportunidades, assim como aconteceu no Brasil com o discurso Opus Dei da dupla PSDB-PFL. A população norte-americana permaneceu umbiguista e em nome do seu pescoço percebeu que é suicida manter um psicopata no poder.
Que bom...
Em tempo: curiosamente o sandinista Daniel Ortega, vítima da perseguição política do Bush-pai elegeu-se presidente na Nicarágua..Quem é religioso que escolha a frase:
(a) Deus escreve certo por linhas tortas;
(b) A voz do povo é a voz de Deus;
(c) Deus está nas coincidências (essa é do Nelson Rodrigues).

Quem não for religioso que continue acreditando que realmente a História não acabou, só o Fukuyama....

domingo, 5 de novembro de 2006

Manifesto em solidariedade a Emir Sader


A sentença do juiz Rodrigo César Muller Valente, da 22ª Vara Criminal de São Paulo, que condena o professor Emir Sader por injúria no processo movido pelo senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), é um despropósito: transforma o agressor em vítima e o defensor dos agredidos em réu.

O senador moveu processo judicial por injúria, calúnia e difamação em virtude de artigo publicado no site Carta Maior , no qual Emir Sader reagiu às declarações em que Bornhausen se referiu ao PT como uma "raça que deve ficar extinta por 30 anos". Na sua sentença, o juiz condena o sociólogo "à pena de um ano de detenção, em regime inicial aberto, substituída (...) por pena restritiva de direitos, consistente em prestação de serviços à comunidade ou entidade pública, pelo mesmo prazo de um ano, em jornadas semanais não inferiores a oito horas, a ser individualizada em posterior fase de execução". O juiz ainda determina: “(...) considerando que o querelante valeu-se da condição de professor de universidade pública deste Estado para praticar o crime, como expressamente faz constar no texto publicado, inequivocamente violou dever para com a Administração Pública, motivo pelo qual aplico como efeito secundário da sentença a perda do cargo ou função pública e determino a comunicação ao respectivo órgão público em que estiver lotado e condenado, ao trânsito em julgado”.

Numa total inversão de valores, o que se quer com uma condenação como essa é impedir o direito de livre-expressão, numa ação que visa intimidar e criminalizar o pensamento crítico. É também uma ameaça à autonomia universitária que assegura que essa instituição é um espaço público de livre pensamento. Ao impor a pena de prisão e a perda do emprego conquistado por concurso público, é um recado a todos os que não se silenciam diante das injustiças.

Nós, abaixo-assinados, manifestamos nosso mais veemente repúdio.

(Os que desejarem assinar o manifesto podem fazê-lo através do endereço www.petitiononline.com/emir/petition.html)

sábado, 4 de novembro de 2006

Catatonia Institucional


Ontem à tarde me deparei com a notícia abaixo. Fiquei sinceramente emputecido. Nessas minhas idas últimas ao Rio de janeiro tenho notado algumas unanimidades e uma delas é o ódio pela polícia.
As pessoas (nas periferias, então nem se fale...) preferem explicitamente o apoio do tráfico ao da polícia.
É curioso que exista uma leitura meio Vila Madalena na qual isso seria uma identificação popular, uma posição de enfrentamento ideológico (essas bobagens que costuma se ouvir no circuito que vai da Marginal Pinheiros à Av. Paulista).
Mas que nada....o tráfico é mais seguro mesmo, até a Polícia Mineira parece ser mais segura. Executar um jovem desesperado na pista da Av. Brasil por que estava tentando salvar o pai é o fim.
Temos aí uma polícia que parte da previsão de que o outro é bandido, de que o outro comete crimes, de que o outro não presta. Esta lógica policial é á lógica da auto-defesa (da instituição, não da sociedade). Aliás nos dias de domínio do PCC sobre São Paulo o que vimos foi exatamente esta cena patética: a polícia defendendo exclusivamente suas instituições e deixando a sociedade para o salve-se quem puder.
Mais um ponto para se pensar na sociedade dessa falida modernidade. A modernidade fez da nacionalidade algo tão forte que precisou institucionalizar o que a defendia: é o caso da polícia, da escola, da justiça, da arte. E as instituições se transformaram em “coisa em si”, que nem mais para a modernidade moribunda serve.
É preciso mais que repensar as instiuições (seu funcionamento)...é preciso repensar as institucionalidades (seu sentido).

Segue abaixo a notícia e no título desta postagem o link

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Rapaz é morto por engano ao tentar salvar o pai

Bruno Ribeiro de Macedo, 19 anos, foi morto na tarde desta sexta-feira por policiais do 3º BPM (Méier) na esquina da rua Viúva Cláudio com João Mário Belo, na favela do Jacarezinho. O rapaz, que trabalhava como entregador de pizza, tentava socorrer o pai, João Rodrigues Ribeiro, 77 anos, que estava enfartando. Bruno foi com um amigo numa moto até a entrada da favela para conseguir um táxi e levar o pai ao hospital. Depois de abordar um taxista, quando já entrava na favela, foi baleado pelo policial Júlio César de Oliveira Lima com um tiro de fuzil, morrendo na hora.
Ao perceberem o erro, os PMs levaram João para o Hospital Salgado Filho, que também acabou não resistindo e morreu. A mãe de Bruno, Célia Ribeiro de Macedo, 58 anos, teve uma crise nervosa ao saber da tragédia e foi levada por moradores para o mesmo hospital, onde ficou internada.
Bruno usava apenas um short e depois de abordar o taxista, entrou no veículo, seguindo para o interior da favela. O comandante do 3ºBPM, coronel Mauro Teixeira, evitou se pronunciar sobre o assunto.
Os dois PMs já foram afastados do trabalho de rua e as armas foram apreendidas para serem periciadas.

Fonte: O Dia

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

E não é que deu Lula mesmo?


Pois é, gente. O Lula ganhou a eleição.
Votei nele dividido, como já disse aqui, mais para defender do que para atacar, infelizmente.
A vitória dele mostra claramente (embora ele insista tanto em negar...) que o Brasil definitivamente é um país dividido, eo menos em termos político-eleitorais. São gritantes as relações (mais que diretas) entre situação social e candidato votado. Não há o que negar, Lula está identificado com os pobres não-sulistas (todos menos SP, PR, SC e RS)e o Alckmin/PSDB com estes.
Esta eleição também traz um record histórico de Alckmin e da dupla patética PSDB-PFL: a de, prla primeira vez na história, um candidato a presidente perder votos entre um turno e outro. Realmente é preciso uma composição polkítica privilegiada e astuta demais para conseguir isso...patético.
O negócio é que este segundo mandato de Lula não será nada fácil. Por um lado a direita golpista deverá retomar (em breve)o denuncismo (muitas vezes vazio) e a indústria de boatos protagonizada especialmente pelo tripé da vergonha informacional brasileira (Sistema Globo, Grupo Folha, Agência Estado e Grupo Abril - leia-se Veja)deve se reaquecer logo após o carnaval.
Quem, como eu, acredita em uma perspectiva popular e de esquerda vai ficar no fio da meada e precisará de um jogo de cintura monumental: por um lado, precisamos defender Lula dos golpistas, por outro, precisamos ser implacáveis e muito diretos com ele para que envergue seu governo para a esquerda de uma vez.
Como já disse antes, Lula tem uma (agora renovada) oportunidade histórica nunca ocorrida na História do Brasil e uma liderança não vista desde Vargas. os resultados eleitorais mostram que a parte excluída das grandes políticas nacionais (seja em termos regionais ou de classe), está com ele. É com esse, e somente com esse cacife que ele conseguirá permanecer no poder até o fim de 2010. Caso contrário perder´pa seu mandato, ou pelas coalisões fisiológicas ou por impeachment mesmo.