sábado, 4 de novembro de 2006

Catatonia Institucional


Ontem à tarde me deparei com a notícia abaixo. Fiquei sinceramente emputecido. Nessas minhas idas últimas ao Rio de janeiro tenho notado algumas unanimidades e uma delas é o ódio pela polícia.
As pessoas (nas periferias, então nem se fale...) preferem explicitamente o apoio do tráfico ao da polícia.
É curioso que exista uma leitura meio Vila Madalena na qual isso seria uma identificação popular, uma posição de enfrentamento ideológico (essas bobagens que costuma se ouvir no circuito que vai da Marginal Pinheiros à Av. Paulista).
Mas que nada....o tráfico é mais seguro mesmo, até a Polícia Mineira parece ser mais segura. Executar um jovem desesperado na pista da Av. Brasil por que estava tentando salvar o pai é o fim.
Temos aí uma polícia que parte da previsão de que o outro é bandido, de que o outro comete crimes, de que o outro não presta. Esta lógica policial é á lógica da auto-defesa (da instituição, não da sociedade). Aliás nos dias de domínio do PCC sobre São Paulo o que vimos foi exatamente esta cena patética: a polícia defendendo exclusivamente suas instituições e deixando a sociedade para o salve-se quem puder.
Mais um ponto para se pensar na sociedade dessa falida modernidade. A modernidade fez da nacionalidade algo tão forte que precisou institucionalizar o que a defendia: é o caso da polícia, da escola, da justiça, da arte. E as instituições se transformaram em “coisa em si”, que nem mais para a modernidade moribunda serve.
É preciso mais que repensar as instiuições (seu funcionamento)...é preciso repensar as institucionalidades (seu sentido).

Segue abaixo a notícia e no título desta postagem o link

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Rapaz é morto por engano ao tentar salvar o pai

Bruno Ribeiro de Macedo, 19 anos, foi morto na tarde desta sexta-feira por policiais do 3º BPM (Méier) na esquina da rua Viúva Cláudio com João Mário Belo, na favela do Jacarezinho. O rapaz, que trabalhava como entregador de pizza, tentava socorrer o pai, João Rodrigues Ribeiro, 77 anos, que estava enfartando. Bruno foi com um amigo numa moto até a entrada da favela para conseguir um táxi e levar o pai ao hospital. Depois de abordar um taxista, quando já entrava na favela, foi baleado pelo policial Júlio César de Oliveira Lima com um tiro de fuzil, morrendo na hora.
Ao perceberem o erro, os PMs levaram João para o Hospital Salgado Filho, que também acabou não resistindo e morreu. A mãe de Bruno, Célia Ribeiro de Macedo, 58 anos, teve uma crise nervosa ao saber da tragédia e foi levada por moradores para o mesmo hospital, onde ficou internada.
Bruno usava apenas um short e depois de abordar o taxista, entrou no veículo, seguindo para o interior da favela. O comandante do 3ºBPM, coronel Mauro Teixeira, evitou se pronunciar sobre o assunto.
Os dois PMs já foram afastados do trabalho de rua e as armas foram apreendidas para serem periciadas.

Fonte: O Dia

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