terça-feira, 28 de março de 2006

O livro

O livro Falcões: os meninos do tráfico é um pouco cansativo. Especialmente os trechos relatados pelo Celso Athayde são um pouco forçados...dá a impressão que ele adoraria ser bandido mas não consegue, não tem coragem, é de outra praia. Os relatos do MV Bill são mais legais, embora com alguns chavões e lugares comuns.
Porém a preocupação do livro é expor uma ferida através de relatos que podem até não ser muito bons, mas que ficam palpitando. Se os autores queriam o debate, recolocar o assunto em pauta, conseguiram.
O problema é que se vê o gueto somente pela ótica do gueto (nem sempre é a da vitimização no livro..). O culto à identidade e ao relativismo, obra de um determinado tipo de Antropologia e Sociologia dos anos 80-90 chegam à vida real e transformam-se em argumentos a favor de tudo e se banalizam desta forma.
A questão é colocar identidade e relativismo em outro prisma (continua...)

segunda-feira, 27 de março de 2006

Falcões


Semana passada foi o lançamento oficial do livro Falcões - meninos do tráfico, de MV Bill e Celso Athayde. O documentário é bem impactante especialmente por mostrar tais temas e com tal abordagem no horário mais caro da TV brasileira. A Globo não costuma fazer essas concessões.
A imagem do crime e o genocídio (concordo com o têrmo do MV Bill como metáfora) saindo do escuro, do "outro mundo", do campo que nos atinge não é brincadeira. Entrou nas casas brasileiras e ficou estampado por toda a semana nas falas das pessoas em tudo o que é canto.
Houve quem tiresse de canal, houve quem achasse armação, houve quem achasse ser campanha contra o Garotinho, houve quem achasse ser simplesmente o lançamento do livro.
Mas o fato é que se discutiu o tema na semana inteira. E qual é a dor das pessoas diante do documentário? É tudo ser tão real, não por estar no cotidiano, mas por ser midiatizado: a metarealidade é cada vez mais realidade no mundo em que vivemos e os Falcões vieram de vez para nossa sala...invadindo nossas casas, só que desta vez não fugindo da polícia e sim fugindo do anonimato.
Para uma sociedade que vê sua "cordialidade morena" cada vez mais decrepta, piuca coisa poderia ser pior.
Desse impacto todo, comprei o livro.... (continua)

domingo, 12 de março de 2006

Rio Pós-Moderno


Fui novamente para o Rio. Aquela cidade não perde a capacidade de me impressionar e ficar assim...com essa cara de paradigma não sei do quê. Fiquei num quarto em um hotel no Flamengo que dava de frente para a Baía de Guanabara....Cristo e Corcovado logo em frente. Sabe o que á acordar com essa paisagem?
Depois de acordar fui para Vigário Geral e vi coisas inéditas para mim. Barricadas colocadas por moradores logo de cara. População civil armada revistando os carros, sondando o terreno. Para andarmos por lá precisávamos de escolta do pessoal do AfroReaggae que ficava se comunicando por rádio o tempo todo.
Como eu gostaria de chamar isso de céu e inferno....mas não dá...só fica aquela sensação de que o Rio é a cara da pós-modernidade.