domingo, 19 de fevereiro de 2006


Muita gente tem lido o Memória de Minhas Putas Tristes e tem gostado. O livro de Gabriel Garcia Marques trata de um homem aos 90 anos que pretende "dar-se" de presente uma virgem. O livro é a história dele com ela.
Tem gente que passou mal lendo. Um sentiu asco por imaginar duas coisas: sua filha no lugar da menina e, em outro cenário, ele no lugar do velho (idade chagando...crise dos 40, essas coisas). Há também um argumento via ECA (a menina tem 13 anos no livro...).
Outras duas fizeram uma leitura mais no campo do ato em si: imaginar um velho de 90 anos com uma menina de 13 é em si algo "equivocado"...ou feio.
Um outro amou a história e viu poesia nela. Concordei com ele e isso antes mesmo de trocarmos opiniões sobre o livro.
Fica a certeza de ser um puta livro (e não necessariamente um livro da história de um filho da puta com uma puta). Ninguém conseguiu lê-lo e ficar indiferente.

Em tempo: estou ouvindo o CD Bring on the Night do Sting....esse Cd e a música que dá título a ela marcou demais minha vida. O motivo disso só eu sei.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Ecopedagogia

Muito interessante. Acabei de preparar uma aula sobre Ecopedagogia para uma turma da FTS e percebi como estou me afastando (ou me tornando mais crítico) de suas idéias. Há nos princípios freireanos um romantismo e um cristianismo (salvacionismo ou missioneirismo como indico em minha tese) muito evidentes. A idéia de cidadania planetária ou de "Terra Comum" soas cada vez mais distantes.
Esta era uma utopia quase que pré-moderna. No moderno esta utopia se estatiza. No pós-moderno perde o sentido. Estou cada vez mais propenso a ver isso tudo como uma realidade disforme e não em mosaico, com composiçoes apenas pontuais, criações de sentido pontuais onde coexistem encontros harmoniosos e belicosos. Realmente o que a lógica cristã chamou de "o bem o e mal" parece que nunca estiverm de mãos tão atadas.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006


Não é por acaso que essa idéia de liberdade de expressão nasceu na França, e não na Inglaterra ou na Alemanha.
Os franceses trabalham a idéia de cultura como civilização (civilización) e sempre acreditaram numa visão universalista do Homem. Acreditam que o homem é único (herança da Igreja com sede na França por algum tempo), sendo que o modelo referência de humanidade é o próprio francês.
Não por acaso, toda a teoria racista nasce justamente na França com "ilustres pensadores" como Gobineau, considerado na época humanista pra caralho. Em nome dessa "civilização" tentaram monopolizar a língua e a cultura mundial e destruíram culturas e mais culturas menos ilustradas...aliás, eles adoravam caricaturar divindades africanas para diminuí-las...tudo em nome do politicamente correto.
Os alemães e ingleses trabalham cultura ("Kultur") como "alma de um povo". Não por acaso nunca usaram meias palavras ou joguinho de cena para dominar, por exemplo. Nunca se fingiram de superiores...assumiram sua arrogância e procuraram fazer seus projetos, fossem eles quais fossem. Essa postura, por mais filha da puta que possa ser diz ao outro "eu sou igual a você por ser diferente e não por estar na frente".
É nesse ambiente francês que nasce a idéia liberal (que está aí desde o século XIX) de "liberdade de expressão". É uma idéia reacionária, conservadora e dominadora por que tem como foco o indivíduo, a pessoa, e não as instituições, povos ou nações. Por isso que os mesmos que defendem essa liberdade quase sempre se protegeram em super-estruturas de comunicação do estado ou de grandes grupos dos negócios da comunicação. Por isso mesmo nunca defendem a democratização pra valer do acesso aos meios de comunicação.
Nada contra o direito do artista (como você, Fabião!) de se expressar, a merda é quando esses artistas viram joguete nas mãos dos grandes grupos de comunicação e dos fascistas que hoje controlam o estado de Israel e dos Estados Unidos.
Institucionalmente estes tipos de posicionamento não podem ser tolerados, até por que a modernidade acabou, meu caro, e no mundo pós-moderno, que o Ocidente criou no século XX, os encaminhamentos na maior partes das vezes se dão fora do consenso.
Olha o risco de conduzir as coisas desse jeito com uma cultura de 15 séculos como a muçulmana.
Liberdade de expressão e ética para todos! Liberdade para a arte, longe da manipulação de esquemas pores de poder!