segunda-feira, 27 de abril de 2009

Entre os Muros da Escola

Leciono há anos. Identifiquei-me com muitos momentos do filme Entre os Muros da Escola. Acredito que este filme tem um significado especial aos professores. Aos alunos também.

Desde o momento inicial, no início do ano letivo até o final do filme, quando o ano letivo se encerra, o que vemos são situações emblemáticas. Flash-backs pelos quais todos já passamos.

Rituais.

O ritual do café antes da aula. O ritual da reunião geral de início de ano. O ritual da apresentação dos professores. O ritual da expectativa. O do cansaço. O da mesmice. O dos projetos.

O ritual da apresentação dos alunos. O ritual do afrontamento aos alunos. O ritual do desrespeito aos alunos. Às suas limitações. Aos seus saberes. À sua condição.

O ritual da distância entre a linguagem das ruas e a norma culta. O ritual do não saber responder ao irrespondível. À agressão. Ao que não se sabe. O ritual do baixo repertório do aluno. Do professor.

O ritual das reuniões pedagógicas. O ritual do biscoitinho pedagógico. O ritual do cansaço. O ritual do café como pauta central de uma reunião de mestres. O ritual do não aproveitamento das surpresas que os alunos oferecem. O ritual do desperdício. O ritual da cumplicidade mafiosa no stress.

O ritual dos atritos em sala de aula. O ritual da arrogância do professor. O ritual do destempero. Da violência verbal. O ritual do atrito desnecessário. O ritual da descompostura. O ritual da burocracia.

O ritual das cartas marcadas. O ritual da exclusão. O ritual da vergonha. Do corporativismo. O ritual do não-saber-o-que-fazer. O ritual das nomeações de conteúdo.

Rituais.

De morte.

De vivo.

Nem o imprevisível.

Nem a reação.

Nem a juventude.

A inadequação do aluno é ritual. Sua transgressão é ritual. Seu comportamento é ritual. As formas de transgressão. Os resultados dessa transgressão. As cumplicidades são rituais.

Já foram rituais de vida. De possibilidade, ao menos.

Mas parece que não mais o são.
E a impressão de que a vida permaneceria absolutamente igual se a escola não existisse.

Será?

Um comentário:

João disse...

O ritual do comentário...(risos) Estimada colega de "missão", o trabalho é realmente árduo. Em meio a tantos rituais ying-yang, será que alguém sai ileso? Penso que não; no final das contas, estamos sempre aprendendo, e os rituais passam a ser ora de iniciação, ora de passagem, ora de iluminação...
Abraços luminosos!
João dos Ritos.