quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O Presente da Secretária

É estarrecedora a falta de sensibilidade da Secretária Estadual de Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães (postagem anterior)ao afirmar que salário e qualidade de ensino não tem relação. De forma equivalente, é patética a tentativa de conserto da gafe da secretária, feita pelo governador José Serra que, saindo em seu socorro, acha absolutamente normal o fato de São Paulo ser apenas o 8º maior salário do Brasil para os trabalhadores da educação.
A insensibilidade da secretária Maria Helena Guimarães tem várias dimensões. A primeira delas é a mais elementar: política. É muito pouco inteligente, no dia do professor uma declaração desse porte, por mais que fosse sensata. è uma tremenda brecha a todos os adversários do governo e para os militantes da educação, algo só comparável aos posicionamentos de Paulo Maluf (que, de forma análoga afirmou que as professoras não ganhavam mal, e sim que eram, pasmem, "mal casadas").
Outra insensibilidade é a profissional. Os servidores da educação são profissionais que atuam na secretaria que está sob sua gestão e que, portanto, são parceiros. Uma declarção como essa é praticamente um rompimento com os potenciais aliados de trabalho.
No entanto a mais grave de todas é a insensibilidade educativa. Há décadas é denunciada a precarização do trabalho do professor, o que tem resultado, entre outras coisas, na queda da qualidade de ensino e de sua dimensão social. Transformar o professor num mero "recurso humano" (afinal esta é a lógica do argumento "Minas paga menos e tem bons resultados...") é dilapidar seu papel político e reduzir sua ação a uma dimensão meramente instrumental, e , no limite, reprodutivista.
Lamentável o posicionamento patético da secretária. Mais do que uma retratação, faz necessário um novo encaminhamento, particularmente do ponto de vista das políticas públicas, as quais, por sinal, ela é a gestora no estado de São Paulo.

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