segunda-feira, 29 de maio de 2006

O Silêncio Sorridente de São Paulo


Tem sido muito estranha a reação da ordem pública paulista na divulgação de dados sobre as mortes dos suspeitos na semana de ataques do PCC a São Paulo. Os nomes aparecem aos poucos...há famílias que contestam. Os números são duvidosos...parece que morreu muito mais gente do que parece. Quianto a saber se os mortos eram efetivamente criminosos ou suspeitos, então, nem se fala.
O fato de termos o IML de São Paulo superlotado e com comunicado oficial informando a falta de condições de operação é algo único. Igualmente única é a quantidade de mortos sob condições de execução (tiros n cabeça, peito e costas).
Para completar, saiu nesta semana o relatório da Anistia Internacional sobre a situação dos Direitos Humanos na América em 2005. Nele temos alguns dados sobre o Brasil e dois se destacam. São eles: 1) a crescente quantidade de bairros dos grandes centros urbanos que vivem sob cerco e dominação efetiva de organizações criminosas; 2) a crescente truculência policial e a utilização de métodos cada vez mais mortais com suspeitos.
Pois é...parece, como sabíamos, que o caldeirão estava esquantando...e continua...nada do que ocorreu deveria nos alarmar tanto. Mas isso se estivéssemos, enquanto sociedade, mais atentos ao conjunto social e não com somente com nossas ações provincianas.
Percebam a reação paulistana diante do evidente exagero e descontrole policial, levando a execuções...diante da pobreza e da periferia acuada...SILÊNCIO. E quanto ao IML lotado?...SILÊNCIO....E quanto ao número de mortos, as listas não divulgadas, pais de filhos pretos mortos sem motivo...SILÊNCIO.
A mesma...a mesmíssima reação paulistana diante do massacre do Carandiru, com suas 111 vítimas. Semana passada o coronel Ubiratan que liderou a ação genocida foi absolvido...e a reação paulistana qual foi? SILÊNCIO....
Este silêncio é provinciano, conivente e refém....Provinciano por ter como base somente a perspectiva do seu próprio umbigo; conivente por calar diante de ações terrotistas de Estado; e refém por ver-se nas mãos e sem controle social do uso privado da violência...de ambos os lados.

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