domingo, 11 de junho de 2006

O MSLT e nossa fragilidade pós-moderna

No dia 06/06/06 o MLST (Movimento de LIbertação dos Trabalhadores Sem-Terra) promoveu um ato de posicionamento político contra a lentidão dos congressistas na aprovação de leis e recursos destinados à reforma agrária.
O ato culminou com uma ocupação de um dos salões da Câmara no qual muitas instalações foram depredadas, com seguranças e manifestantes feridos. Dezenas de participantes foram detidos.
A reação da imprensa em geral foi de absoluta repulsa ao ato, discutindo a ação e não as reivindicações apresentadas. O próprio presidente Lula condenou a ação.
Como se não bastasse, alguns veículos procuraram condenar o governo federal por ter aumentado crescentemente os recursos destinados a esta entidade.
Toda esta situação nos serve, entre outras coisas, para nos levar a uma reflexão sobre o quanto nossa sociedade ainda procura reconhecer-se no futuro como complexa e plural e, em situações-limite (se é que esta situação pode ser considerada limítrofe) acaba por recorrer a velhos argumentos moralistas alocados na modernidade republicana.
O pluralismo e potencialização de grupos e princípios com a facilitação dos recursos da comunicação faz com que o previsível, o desejável socialmente falando seja algo cada vez mais inverossímil e utópico.
O MSLT é um grupo com uma proposta bastante definida e que possui ideais e procedimentos. A questão que se coloca é a sefuinte: como o Estado dialoga com ele? Como a sociedade dialoga com ele? Como a classe política dialoga com ele? Como os veículos de comunicação dialogam com ele?
A complexidade da configuração social que teremos cada vez mais nos obriga a criarmos mecanismos de participação, comunicação e viabilização de uma discussão ética de projetos e perspectivas cada vez maior e nenhum dos agentes acima colocados têm feito muita coisa por isso.
Sendo assim, ou a pós-modernidade em que vivemos (vivemos?) é assumida e faz nossa sociedade criar mecanmismos éticos ou as alternativas sectárias (como as da imprensa moralista ou do MSLT fundamentalista) serão cada vez mais utilizadas.

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