sábado, 2 de dezembro de 2006

Lendo o Baudrillard 2 - Acontecimentos Supracondutores


Tem um aspecto importante do tema da postegem anterior que ficou faltando: a lógica fractal, na qual princípio e idéias, no mundo contemporâneo disparam ações inúmeras que acabam por se dispersar ao infinito, ganhando os buracos negros da modernidade e, com isso, vida própria.
Isso faz do mundo em que vivemos eminentemnete factual e, justamente por isso, os eventos passam a ganhar sentido em si. Não por acaso, segundo Baudrillard, num tempo como o nosso os meios de comunicação de massa e a ação informativa (especialmente da mídia) ganha tanta força: é o mundo do evento, da informação e da técnica destronaddo de longe o mundo das idéias, da ciência, da tecnologia.
Outro artigo interessante do Baudrillard é o dos chamados acontecimentos supracondutores. Nesta passagem, Baudrillard destaca o mundo contemporâneo como universo da pasteurização e da transparência (o que ele explora melhor no artigo seguinte, entitulado A Brancura Operacional.
Dessa pasteurização temos o aparecimento de ocorrências de conspiração contra as lógicas sistêmicas: o vírus (seja eletrônico ou não), a AIDS, o câncer são formas internas aos sistemas que os infectam, o corrompem, os transformam, criar vidas e corpos concorrentes ao próprio corpo e os destroem.
A lógica ordenada do mundo em que vivemos é fragilizada justamente pelo fato de não se compor reconhecendo suas incongruências e anomalias genéticas. É demasiadamente lisa, uniforme (uma vez que o apogeu da modernidade é a pasteurização e/ou aniquilação das diferenças, mesmo que seja em nome da tolerância (como aliás ocorre muito em Vila Madalena...).
E este é o ambiente ideal para as infecções virais, criadas e alimentadas nos interstícios da pseudoperfeição dos sistemas contemporâneos.
É no mínimo engraçado pensar como deve ser a gestão pública (e hilário quando a dimensão pública se dá no terceiro setor) considerando estas possibilidades.

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