sábado, 9 de dezembro de 2006

Lendo Baudrillard 3 - Profilaxia e Virulência

Profilaxia e Virulência é um dos textos mais intrigantes que já li. Por isso seguem apenas fragmentos, e não releituras....

"A crescente celebralidade das máquinas deve normalmente acarretar a purificação tecnológica dos nossos corpos. Estes poderão contar cada vez menos com anticorpos"

"Não é absurdo supor que a exterminação do homem comece pela exterminação dos seus germes. Por que, tal como é, com seus humores, paixões, riso, sexo, secreções, o homem não passa de um germezinho sujo, vírus irracional que perturba o universo da transparência. Quando ele tiver sido expurgado, quando tudo tiver sido expurgado e se tenha conseguido eliminar toda a perturbação social e bacilar, só restará então o vírus da tristeza, num universo de limpeza e sofisticação mortais"

"Assim estamos nós todos perdendo defesas, somos todos virtuais imunodeficientes"

"Todos os sistemas integrados e superintegrados, os sistemas técnicos, o sistema social, o próprio pensamento da inteligência artificial e seus derivados, tendem a esse limite de imunodeficiência. Buscando eliminar toda a agressão externa, destilando a própria virulência interna, sua reversibilidade maléfica. Em certo ponto de saturação, eles assumem sem querer a função de reversão, de alteração, tendendo a se destruir a si mesmos"

"Com a dimensão viral, são seus próprios anticorpos que destroem a você (...) a profilaxia absoluta é mortal. Foi o que a medicina não compreendeu ao tratar o câncer e a Aids como doenças convencionais, ao passo que são doenças nascidas do triunfo da profilaxia e da medicina, doenças nascidas do desaparecimento das doenças, da extinção das formas patogênicas"

"Os fenômenos extremos servem, em sua desordem secreta, de profilaxia pelo caos contra a escalada aos extremos da ordem e da transparência"

"Tudo o que constitui a economia da mediação é fonte de gozo. A sedução é o que vai de um ao outro sem passar pelo mesmo(...)Na metamorfose, vai-se de uma forma a outra sem passar pelo significado. No poema vai-se de um signo a outro sem passar pela referência(...)e na própria velocidade, que estamos fazendo senão ir de um ponto a outro sem passar pelo tempo, ir de um momento ao outro sem passar pela duração e pelo movimento? Ora, a velocidade é maravilhosa, só o tempo é enfadonho.

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