sábado, 16 de dezembro de 2006

Lendo Baudrillard 4 - Espelho do Terrorismo


Fragmentos de mais este capítulo de A Transparência do Mal, de Jean Baudrillard:

"Como semelhante ato de barbarismo é possível no fim do século XX? - falsa questão (...) Nossa violência, a produzida por nossa hipermodernidade, é o terror. É uma violência-simulacro: bem mais do que a paixão, ela surge da tela, é de natureza idêntica às imagens"

"O que também admira num acontecimento como este é que, de certa forma, ele é esperado. Somos todos cúmplices na espera de um roteiro fatal (...) Dizem que a polícia não fez nada para impedir a explosão da violência, mas o que não pode ser prevenido por nenhuma polícia é esta espécie de vertigem, de solicitação coletiva do modelo terrorista"

"Tal acontecimentodecorre de uma súbita cristalização da violência em suspenso. Não é um confronto de forças hostis (...), é a resultante de forças ociosas e indiferentes (...). A violência dos hooligans é uma forma exarcebada de indiferença, que só encontra tanto eco porque age sobre a cristalização mortífera da indiferença (...) Não é, portanto, um episódio irracional da vida social, está em cheio na lógica de sua aceleração no vácuo"

"Decorre ainda de outra lógica, que é a iniciativa de inversão dos papéis: espectadores tornam-se atores. Sibstituem os protagonistas e, sob o olho da mídia, inventam seu próprio espetáculo. Ora, não é isso que se exige do espectador moderno? Não vivem pedindo que ele se torne ator?"

"A partir do momento em que os Estados já não podem se atacar ou se destruir entre si, voltam-se automaticamente contra seu próprio povo ou território, numa espécie de guerra civil intestina"

"Na ausência de uma estratégia política original, na impossibilidade de uma gestão racional do social, o Estado dessocializa. Já não funciona pela vontade política, funciona pela chantagem, pela dissuasão (...) Inventa uma política do desafeto e da indiferença, inclusive a do social"

Imagem: http://www.granma.cubaweb.cu/2006/07/11/interna/lu3-1.jpg

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