sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Sacristán e a Escola Universal

Se, como afirma Sacristán, a educação tem uma função especialmente cultural no sentido de oferecer aos educandos a possibilidade de acessar os referenciais que caracterizam cada sociedade, o resultado deste modelo será a escola universal.
A primeira discordância reside no fato de o autor praticamente utilizar escola e educação como sinônimos. A escola é uma instituição, historicamente constituída. A educação é uma relação.
Temos, portanto, uma coisa e uma categoria e essa confusão seria similar a tratar restaurante e sabor como sinônimos, cemitério e morte, casamento e amor, e assim por diante.
O processo educativo se dá em sociedade, independente da escola. A educação se dá em relação em todos os momentos da vivência entre humanos. Sem esta dimensão fica difícil dar fluidez para a boa idéia que ele mesmo lançou: perceber o processo educativo para além da relação professor-aluno. Sacristán amplia o conceito, mas o limite, que antes era o da sala de aula passou para os muros escolares, e deles para o sistema público de ensino. A fronteira está ampliada, mas ainda é muito restrita.
Quanto à cultura, então, residem minhas maiores críticas. A escola não ensina cultura. A cultura, este sistema articulado, complexo e dinâmico de produção e alimentação de significados é condição de ser da humanidade e está presente desde sempre.
A própria visão que a escola tem da cultura, assim como da ciência é sempre recortada. Justamente por isso não há como (ao menos não se deve) “ensinar” cultura nas escolas. É preciso na instituição escolar criar espaço para as culturas que todos os alunos possuem entre em contato, percebam suas diferenças e possibilitem fusões e recriações inimaginadas.
Na perspectiva de Sacristán uma visão ocidental, cristã e universalista de cultura (e, portanto, de educação) é indiscutível.

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