sexta-feira, 14 de março de 2008

Silêncios

O Silêncio Continua
A respeito da indclusão da História Indígena e Afro-Brasileira nas escolas, o silêncio continua. Parece que a mídia gostou mais do que os especialistas e o MEC. Aliás, do que li nos jornais e ouvi nas rádios, só percebi falas técnicas ou de gestão. Nada das comunidades. Nada dos negros. Nada dos índios.
De qualquer forma, os temas entrarão como conteúdos obrigatórios e não disciplinas. Pode ser interessante ler um esclarecimento que retirei do Overmundo (clique no título para acessar).

E minha opinião?
É evidente que a disciplinarização da escola é instrumento do desenvolvimento da lógica seletiva, individualista, instrumental, industrial e produtivista. É evidente que a compartimentalização da escola em disciplinas traz consigo todo este peso ideológico e suas conseqüências.
Também é evidente que os currículos estão abolindo as disciplinas ou as flexibilizando. Igualmente evidente é que o tema transversal pluralidade cultural se presta a valorizar as diferencialidades.
Basicamente foram estes argumentos evidentes que ouvi dos especialistas e gestores, particularmente de Guiomar Namo de Melo, na CBN.
No entanto não acredito que tais argumentos sejam suficientes. É evidente que quando o presidente Lula assina uma lei como essa está apostando em uma posição política, em uma afirmação, em uma relevância, evidentemente negada pelo discurso técnico.
A ação política (e aí o puxão de orelha no presidente e especialmente no MEC)tem, no entanto que ter ação de gestão, ou seja, tem que ser efetivamente acompanhada e implementada, seja enquanto conteúdo, seja enquanto tema, seja enquanto disciplina. Tem que se transformar em princípio e política pública de educação.
A escola banca, masculina e heterossexual precisa ter seu espaço hegemônico disputado, afrontado, refeito, repensado. E aqui entra o puxão de orelha nos discursos técnicos: o que, efetivamente, tem sido oferecido para que o reconhecimento da tradição negra e indígena brasileira seja efetivado como fato relevante, e não como algo exótico, periférico, ocasional, burocrático?

2 comentários:

Anônimo disse...

Amigo, Edson.
Primeiramente, louvo a oportunidade de ler suas contribuições em blog. Ainda não tinha tido tal oportunidade. Parabéns!

Acho pertinentes os seus "puxões de orelhas". Na realidade, pouca gente está tratando o assunto com a preocupação que ele merece, inclusive por parecer uma resolução política "panos-quentes", de tentativa de amenização das reinvidicações do movimento indígena.

Nem o CIMI, nem o ISA, nem a OPAN ou outros movimentos indígenas destacam a resolução. Acontece que, no dia seguinte ao da assinatura do Presidente a tal Lei, o Congresso aprovou o corte de R$ 106 milhões no Orçamento da União destinados (não mais) à Política Indigenista.

Não há, como parece haver, ganho de causa, mas desvio de órbita visionária. Entre o corte orçamentário e a Lei mencionada há anos-luz de política de apoio à causa indígena e cultural dos nossos Brasis.

O que fazer? Quebrar o silêncio, gritar, blogar...
Paz, irmão!

Edson Martins disse...

Grande Francisco.....
muito feliz de te ver por aqui. naquela expectativa de conseguir queber fronteiras sem criar outras...trabalho difícil..

Abraço, grande!