segunda-feira, 29 de junho de 2009

Lendo o Carpinejar 2 - Canalha!

Se sair, não volte mais

(...) “Se sair não volte mais”, descobrir que o ódio seduz (...)
(...) “Se sair não volte mais”, descobrir a ofensa dentro da oferta (...)
Uma lealdade se rompe com essa frase. A alegria de ir e vir. A fidelidade se rompe com essa frase, entra outra coisa em seu lugar: submissão, desencanto, arrependimento.
O amor é quando faltam as palavras.
O desespero é quando sobram as palavras.
Quando sair me leve junto. Em silêncio.



Esse é o primeiro conto de Canalha! que mexeu comigo.
Não pela frase “Se sair não volte mais”. Eu raramente saio ou permito sair sem a possibilidade da volta; minhas raras saídas em definitivo são definitivas mesmo.
Gosto da ideia (perversa) do ódio como sedução, da ofensa da oferta. Acredito que o ódio seja o amor que extrapolou, se perdeu em si mesmo, virou o outro e não se encontrou nele...o ódio é essa promessa falsa de um espelho que não reflete, nem invertido.
O ódio é um amor não correspondido por si mesmo.
A parte final, porém, é a que mais gosto. A ideia de que o amor é silencioso de palavras. Está fora da formulação.Quando acontece é como música. No máximo emite sons. É sagrado....e o sagrado não se submete ao sentido das palavras e sim apenas utiliza seus sons de forma mágica. Não é capturado pela linguagem...a profana.
O sagrado (e o amor) aprofundam-se quando abandonam as linguagens para serem apenas verbos.

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