domingo, 28 de junho de 2009

Lendo o Carpinejar – Canalha!

Acabei de ler o livro Canalha! (Bertrand Brasil, 2007), de Fabrício Carpinejar.
Gostei.....mas tem horas que cansa.
Não tem sido nada fácil reinventar uma identidade masculina.
Isso é possível?
O macho ancestral está morto, o bom moço está morto, o bonitinho está morto, o cafajeste está morto. Ser homem realmente não tem sido lá muito fácil. Como ser Candinho e Teodoro ao mesmo tempo (brincando com Jorge Amado)?
Li o livro como um, digamos, aquecimento diário. Aliás, é uma boa lê-lo assim. São dezenas de contos onde são apresentadas questões cotidianas de um determinado tipo de homem contemporâneo e ler contos (sempre curtos) em sequência não funciona muito para mim. Gostava de ler tomando meu café. E pulando os contos muito politicamente corretos, onde Romeu prefere um chicotinho e não o veneno.
Existem boas sacadas(Você confunde sacrifício com covardia. Eu confundo amor com loucura), outras que deixam a desejar (É tarde para pedir um tempo. Lamenta que o namoro não seja uma partida de basquete, para suspender a derrota e reverter o resultado com a ajuda do técnico).
No geral, a impressão que dá é de um homem que procura uma reinvenção de sua subjetividade para poder dialogar com a ditadura da sensibilidade feminina. Digamos que uma rendição misturada com pedido de desculpas da tradição.
Uma bela isca. Precisamos descobrir para quem. É como se um alemão de treze anos pedisse desculpas pelo III Reich ouvindo Piaf para reparar a tomada de Paris no século passado. Eu, hein...
Tudo isso é olhar para trás. Sei não...
Essa rendição parece puro xaveco....
Para virar um jogo que está difícil para os homens jogarem. O jogo de descobrir quem são.
A figura da cara-metade continua presente; a única diferença é que Édipo deu lugar a Electra...só isso.
Coisa de canalha.

Ahh...o blog do Carpinejar é http://www.carpinejar.com.br/

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